FILOSOFIAS DA ESCRAVIDÃO NA ESCOLÁSTICA BARROCA: Um estudo dos discursos sobre os títulos de escravidão e sobre o tráfico escravo nos Séculos XVI-XVIII

Emanuelle Pedroso dos Santos | manusanttos2016@gmail.com

Fernando Rodrigues Montes D'Oca | fernandodoca@ifsul.edu.br [ORIENTADOR]

 

Campus: Sapiranga

Nível: Ensino Médio

Área: Ciências Humanas

 

Resumo

Esta pesquisa investigou a escravidão negra e o tráfico escravo nos séculos XVI-XVIII. Tendo como problema entender por que o pensamento da Escolástica Barroca revelou-se tolerante à escravização de africanos e ao tráfico, esta pesquisa objetivou produzir um estudo sobre a escravidão negra que averiguasse as razões por que tal escravidão foi tantas vezes tolerada pelos escolásticos barrocos. Metodologicamente, a pesquisa compreendeu duas etapas. A primeira envolveu o trabalho de composição do corpus da pesquisa mediante catalogações e categorizações. A segunda compreendeu o manejo argumentativo dos discursos sobre os títulos e sobre o tráfico, mediante reconstituições argumentativas e identificação e categorização de argumentos. Ao final desse trabalho investigativo, verificou-se que a Teologia Moral dos séculos XVI-XVIII subsidiou justificações da manutenção do tráfico escravo e ensejou a elaboração de “filosofias  da  escravidão”  no  contexto  do pensamento escolástico barroco. Essas  “filosofias  da  escravidão” nem  sempre concerniam  ao  tema  do  tráfico  e  nem  sempre  representavam  apoio  à manutenção  da  mentalidade  e  das  práticas  escravocratas.  No entanto,  é  notório  que  grande  parte  dessas  “filosofias” justificavam as práticas escravocratas a partir das análises que realizavam do tráfico,  representando, assim, apoio  velado  às  múltiplas violações  de  liberdade  e  de  direito  natural feitas  contra  o  povo africano. É claro que também se deve notar que existiram “filosofias da escravidão” que  não  representaram  apoio  à  escravidão  em  si,  mas  discurso  de resistência  e  de  denúncia  contra  as  escravizações  injustas  e contra a tolerância ao tráfico escravo. No entanto, tais filosofias de cunho  antiescravista  foram   silenciadas  e consistem em indício de que o pensamento escolástico barroco não só teve responsabilidade  pelo  episódio  da  escravidão  negra  nos  séculos  XVI-XVIII, mas também certa parcela de culpa, em razão de se ter impedido que tais filosofias antiescravistas viessem a público.

Palavras-chave

Filosofias; Escravidão; Títulos de escravidão